Terroristas!!! Mas o Líbano não é do lado da Síria? E a guerra? É meio perigoso né? Amiga, volta viva! Não tinha um lugar mais tranquilo? Foram estas algumas das frases que ouvi de amigos e parentes quando contei de minha viagem ao Líbano.
Se fosse por escolha deles o último lugar que pisaria era no Oriente Médio. Medo confesso que senti nos primeiros dias, mas logo me deixei envolver pelo cotidiano. A rotina deles em quase nada se alterou com os acontecimentos dos países vizinhos: se vive, se trabalha, se estuda e se diverte normalmente.
E diversão é o que não falta neste país! Estive em um pré casamento que deixa no chinelo muitas cerimonias tradicionais que conhecemos, jantares na casa de amigos onde há tanta comida que não há espaço na mesa para colocar o prato, praias que parecem um spa particular e baladas que prometem ficar, ou não, na sua memória para sempre.
No Líbano se encontra de tudo um pouco, um caldeirão de religiões, hábitos, sabores e culturas. Achei que ia chegar num país de estilo conservador, assim como outros países muçulmanos que havia conhecido, mas me enganei muito.
Além da riqueza cultural, me encantei com as paisagens naturais do país! Em 20 minutos era possível passar do azul do mediterrâneo ao topo de uma montanha! Muitos de meus sábados foram gastos apenas rodando de carro (coisa que os jovens libaneses adoram fazer) pelas estradas do país e admirando sua beleza, por vezes parando para admirar os vales ou colher figo e outras frutas exóticas na beira da estrada.
Chegando no Líbano
Brasileiros precisam de visto para entrar no Líbano, solicitei o meu de turista logo no desembarque. Existe a opção de comprar um visto mais longo, mas você pode se preocupar com isto depois, já que o visto de um mês para turista é gratuito. É possível estende-lo por mais 30 dias já estando dentro do país. O meu foi estendido automaticamente (e de graça), mas vale checar diretamente no General Directorate of General Security.
Caso tenha vindo ou esteja indo para Israel, muita atenção, pois com o carimbo do país no passaporte não é permitido a entrada no Líbano. Um truque muito utilizado é pedir para a imigração Israelense fornecer um papel avulso com o carimbo de entrada e saída, não prejudicando as próximas imigrações.
Se comunicando
Buonjour Habibi! Não é difícil se comunicar aqui, a população fala árabe e você pode praticar seu vocabulário adquirido com a novela “O Clone”. Alguns se comunicam em francês, pois o país já foi colonia da França e a grande maioria dos jovens e no comércio falam inglês.
Por aí…
O Líbano é um país bem pequeno e é possível atravessa-lo de carro em 5 horas (ou em 10 dependendo do transito). O grande problema é que o transporte público é terrível, para não dizer inexistente. Dentro de Beirute o meio de transporte mais comum para quem não tem carro são os táxis coletivos, que nada mais são do que táxis normais que te levam para qualquer lugar no centro por 2000 Lebanese Liras (menos de U$2).
Aqui vale a máxima de “sou local, não sou turista”, pois alguns taxistas caso percebam que você é turista, podem querer te cobrar o valor de um táxi comum, o que vai te custar no mínimo 4 vezes mais. Mas para ir a outras cidades achei bastante complicado encontrar informações de ônibus e acabei preferindo juntar um grupo de amigos e fechar uma trip coletiva. Dentre os belíssimos lugares do país, aqui estão meu preferidos.
Beirute
A capital, o fervo e a Paris do oriente médio. Aqui é destino certo se você quiser fazer compras. Caso isso não esteja no seu orçamento, só pelo passeio vale a visita ao Beirut Souks. O prédio possui uma arquitetura moderníssima e é acessível caminhando pelo centro. Próximo de lá fica o centro histórico (reconstruído devido as guerras no país), as ruas são belíssimas e é realmente possível se sentir em Paris. Os principais quarteirões do centro histórico são cercados e protegidos por soldados, conversei com um deles que me permitiu entrar para visitar. Achei uma pena um local tão belo não ser usado pela população!
Ali no centro também está a Mesquita Mohammad Al-Amin, a principal mesquita da cidade, devidamente vestida fui autorizada a entrar. Foi preciso cobrir os braços, pernas e colocar um véu para cobrir o cabelo. Respeitar a religião aqui é fundamental! Num lugar onde católicos e muçulmanos convivem pacificamente, tive a honra de aprender e participar de uma oração à Allah, a poucos metros de onde, na semana anterior, minha mãe havia assistido uma missa católica.
Jeita Grotto
A Gruta de Jeita é aquele lugar que você não pode deixar de ir se visitar o Líbano. É um símbolo nacional e um espetáculo a parte, seja você entendido ou não de geografia. Fica pertinho de Beirute, 20 km, no vale de Nahr al-Kalb. São duas grutas com quase 10 km que foram habitadas desde a pré história e hoje estão repletas de formações rochosas como estalactites. Na primeira gruta é possível caminhar e na segunda caverna se entra de barco, infelizmente em nenhuma delas é permitido tirar fotos.
Harisa
Próximo a Beirute fica a cidade de Harisa e a mais bela vista panorâmica do Líbano. É possível subir de carro ou teleférico, preferi o segundo que por LBP 11.000 (cerca de U$8) me levou até o alto do monte Líbano. Lá no topo há uma basílica, uma estatua de Nossa Senhora de Harisa e uma vista deslumbrante. As cidades ao pé da montanha, o mar mediterrâneo e os parapentes voando constantemente fazem de Harisa um destino de católicos, muçulmanos e turistas do mundo todo.
ByBlos
Byblos é tipica cidadezinha turística. Muito bem conservada, a cidade possui um centro histórico (Old Souk) cheio de lojinhas e infinitas perdições. Por não ser muito grande, em uma tarde se pode conhecer tudo. O castelo de Biblos e a caminhada no porto valem o passeio. Aqui também é possível aproveitar a praia de graça, mesmo sendo pequena. Vale muito a pena pelo mar azul e o custo alto para acessar as outras praias perto da capital.
Nahr Ibrahim
6 horas de caminhada e 3 dias sem poder subir escadas nunca valeram tanto a pena!
Após semanas planejando fazer uma trilha no Líbano, finalmente havia encontrado uma boa opção.
O site Lebtivity disponibiliza diversos eventos culturais, esportivos, gastronômicos, familiares, etc.. organizados por data e local programados. No site encontrei uma excursão para realizar a trilha em Nahr Ibrahim e não pensei duas vezes! No ponto de encontro, para a minha surpresa, mais de 8 ônibus saíram lotados com todos os tipos de pessoas bens dispostas a caminharem pelos vales. A trilha, que inclui descer morro, subir morro e atravessar sítios arqueológicos, passou por belas florestas de pinheiros, rios e quedas d’água, até acabar numa área privada de acesso ao rio Adonis, onde se pode nadar ou apenas descansar da longa caminhada.