A África do Sul foi, sem dúvida, um dos destinos mais surpreendentes que já conheci. Como uma boa caçadora de destinos exóticos não me deixei envolver pelos principais países para os quais as pessoas normalmente vão estudar inglês. Inglaterra, Canadá e Estados Unidos me pareceram bastante sem graça perto das savanas, montanhas e história recente de Apartheid e Nelson Mandela que poderia ter contato na África do Sul. Foi assim que decidi passar 6 meses estudando inglês na Cidade do Cabo. Após um ano de estágio, juntei todas as minhas economias e parti para o continente africano.
Há diversas companhias que fazem vôos direto do Brasil para a África do Sul. Quando fui, havia apenas a South African Airways, mas hoje também operam LATAM e a Avianca. O voo direto é bastante tranquilo, de São Paulo a Joanesburgo são só oito horas e meia, de lá é possível pegar conexão para cidades de todo país. Algo que achei bastante curioso, para não dizer estranho, é que após fecharem a porta do avião as aeromoças passaram pelos corredores borrifando um spray cheiroso por todo o avião, assim o voo pode partir com cheiro de lavanda ou flores do campo.
Chegando na África do Sul fiz conexão em Johanesburgo, o aeroporto também é chamado de Tambo e é um dos maiores e mais movimentados da África, com uma excelente infraestrutura e serviços de lojas, restaurantes, etc.
Saindo de Joanesburgo há diversas opções de tour para realizar um safári na maior área protegida da África do Sul, o Krugar Park. Se tiver sorte pode chegar a ver o Big Five, que são os cinco mamíferos selvagens mais difíceis de serem caçados: Leão, elefante, búfalo-africano, leopardo e rinoceronte. Optei por realizar o safári durante minha viagem a Namíbia, país vizinho a África do Sul, que por não ser tão conhecido internacionalmente como o Krugar, possui preços bem mais acessíveis.
Uma curiosidade é que a África do Sul possui 3 capitais e nenhuma delas é Joanesburgo, que apesar de ser o grande centro urbano, industrial, comercial e cultural não possui nenhum status oficial. Pretória, Cape Town e Bloemfontein são capitais executivas, legislativas e judiciarias respectivamente.
Durante todos os seis meses que estive na África do Sul, os locais me disseram que Joanesburgo não vale a visita. Apesar de nunca acreditar que um lugar não valha a pena conhecer, não tive a oportunidade de tirar a dúvida. Pelo que pude perceber nas descrições, acho que posso comparar Joanesburgo com São Paulo, uma cidade de negócios e industria, e a Cidade de Cabo com o Rio de Janeiro, uma cidade grande com belezas naturais únicas. Outro ponto em comum entre as cidades sul-africanas e brasileiras é a violência. Infelizmente a taxa de criminalidade no país é muito mais elevada se comparada a outros. Recomendo, principalmente a mulheres, que evitem andar sozinhas a noite e que estejam sempre atentas ao usar trasporte público e táxi.
As cidades sul-africanas também possuem algo semelhante a nossas favelas, chamadas de township. São áreas na periferia das grandes cidades que, durante o regime do Apartheid, acabaram crescendo desordenadamente por receberam muitos negros, mulatos e indianos. Desde aquele período estas áreas recebem pouco investimento e acabam tendo condições precárias, muitas não possuem saneamento básico, sistema de saúde ou educação ou mesmo luz elétrica.
Infelizmente, mesmo com o fim do Apartheid em 1994, as condições não evoluíram muito. Há algumas visitas organizadas para conhecer a realidade do local, mas em minha opinião a melhor forma de se integrar foi frequentando um bar local chamado Mzoli’s, na township de Guguletu, Cidade do Cabo. Num grande galpão fechado com lonas, a diversão é garantida com música ao vivo e uma churrasqueira coletiva! O ritual é parar no açougue ao lado comprar carne, no mercado para comprar cerveja, trazer alguns copos descartáveis de casa e levar tudo para a festa, onde brancos, negros, turistas e locais se divertem juntos.
No centro da Cidade do Cabo, a vida noturna e festas, não ficam atrás da township. A Long Street, famosa por seus pubs e restaurantes, tem diversas opções para garantir a diversão todos os dias da semana. Durante o dia a cidade mostra uma beleza magnífica. A Table Mountain, que ganhou este nome por ter seu topo plano e extenso, parecendo uma mesa pode ser encarada de duas formas: pelo bondinho ou por uma escada de aproximadamente 5 horas. Para aqueles que, como eu, gostam de uma aventura mas não tem condições físicas para isso, indico subir a Lion’s Head. São 1:30h caminhando, uma subida que te brinda com a vista mais espetacular que se pode ter da cidade e das montanhas denominadas Doze Apóstolos.
A partir da Cidade do Cabo também é possível fazer alguns tours próximos à destinos belíssimos: O cabo da Boa Esperança e o Cabo das Agulhas (extremo meridional do continente africano e divisa entre oceano pacífico e índico), Hermanus (para ver baleias), Boulders Beach (para ver pinguins), Cango Caves (belíssimas cavernas), Santuário de Elefantes e a Garden Route, que contempla famosas cidades do circuito de surf e o maior bungee jump de ponte do mundo, são roteiros de 1 a 5 dias para aqueles que tem um tempo maior neste paraíso que é a África do Sul.